quinta-feira, 30 de julho de 2009

CRECHE ALMIR DO PICOLÉ - PRECISA DE AJUDA


Trabalho social do ex-vendedor de picolé, é mantido exclusivamente de doações de voluntários e das arrecadações
30/07/2009 - 07:19

Creche atende a crianças de comunidade carente De trocado em trocado que consegue arrecadar no semáforo e das doações que chegam de todas as partes, Almir Almeida Paixão, mais conhecido como Almir do Picolé, consegue manter vivo um sonho: a creche que atende a 80 crianças. Mas nos últimos tempos administrar este espaço não tem sido nada fácil para Almir. Toda semana ele tem que desembolsar R$ 1600 só para pagar aos 13 funcionários. Compromisso que Almir não está conseguindo arcar. “A coisa está ficando cada vez mais difícil, mas não vou desanimar”, afirma Almir do Picolé.
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Quem quiser ajudar o Almir do Picolé a manter o trabalho social da creche pode ligar para o telemarketing através do telefone (0xx79) 3248-1413 das 8h às 14h e 14h às 20h, de segunda a sábado, e fazer qualquer tipo de doação em dinheiro, roupas, livros ou alimentação. Ou ainda pode depositar qualquer quantia nas contas da Sociedade Creche que segue abaixo:
Banco do Brasil Agência: 2346-9Conta Corrente: 20074-3
Banese Agência: 035-3 Conta Corrente: 101470-7
Por Carla Sousa (infonet)
Amigos, vamos contribuir, pois esse homem é um exemplo de solidariedade.

Beijaummm

quinta-feira, 23 de julho de 2009

ARNALDO JABOR


Abaixo segue um texto de Arnaldo Jabor, onde ele traduz o novo comportamento entre homens e mulheres...

"Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas que quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois? Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma reação". Agir como tribalista tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. Embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram. Ficar, também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança? A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar. Já dizia o poeta que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão. O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio a confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram (pais e mães dos adeptos do tribalismo), vendem na maioria das vezes a idéia de que casar é um péssimo negócio e que uma relação sólida é sinônimo de frustrações futuras. Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição. No entanto, vivemo sem uma época muito diferente daquela em que nossos pais viveram. Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a "comer sal junto até morrer". Não se trata de responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam. A questão não é causal, mas quem sabe correlacional. Podemos aprender amar se relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optarmos.E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins. Ser de todo mundo, não ser de ninguém, é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida solidão."(Arnaldo Jabor)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

20/07 - DIA DO AMIGO



AOS MEUS QUERIDOS AMIGOS, DE MUITO TEMPO... DE POUCO TEMPO... OS MAIS CHEGADOS... OS MAIS DISTANTES... OS DE FÉ... OS DESLIGADOS... OS DESCONHECIDOS FISICAMENTE... OS CONFIDENTES... OS ENGRAÇADOS... OS DE TODOS OS MOMENTOS ENFIM, NÃO IMPORTA, TODOS TEM SEU ESPAÇO, DA MANEIRA QUE CADA UM É, DENTRO DO MEU CORAÇÃO.
BEIJAUUUMMM

sexta-feira, 17 de julho de 2009

MULHERES DE 40




Sinopse do livro "MULHERES DE 40 ANOS"
“A passagem pelos 40 anos não significa necessariamente uma etapa de sofrimentos. Muitos costumam relacionar essa idade a um período de crise, o que pode acontecer. Mas é necessário entender que crise pode ser momento para se organizar e planejar um amanhã melhor. É hora de movimentar, de provocar mudanças. Sair de onde se está. Essa etapa pode ser vivida de inúmeras maneiras. Rever valores, usufruir possíveis conquistas, ‘dar uma reviravolta’ e se atentar às coisas deixadas de lado – tudo isso pode vir a ser uma opção de vida. É importante que a mulher de 40 não encare a idade como fator de diminuição do prazer sexual. É equivocado pensar que a sexualidade começa na puberdade e termina na menopausa. Em seu aprendizado sobre a sua sexualidade, ela deve saber que a sua sedução está no olhar, e que este não envelhece nunca.”

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Abaixo, faço a postagem de um texto de Mário Prata, onde ele nos define, com seu famoso humor e irreverência.
Beijauuuummm
MULHERES DE 40
"Não tenho estatísticas em mãos e nem sei se existe alguma coisa a respeito das mulheres na faixa dos 40 ao 50, sobre o seu estado civil. Mas se eu for pensar nas minha amigas que estão por aí, posso afirmar que a grande maioria está separada. E com filhos. E achando que nunca mais vão conseguir outro homem. E se acham horrorosas.
Como eu sou de uma faixa um pouquinho acima, vou meter meu bedelho (que palavrinha mais feia) entre as quarentonas (pra começar, elas odeiam a palavra quarentona, saudosas dos trintinha. E temem o inevitável: cinqüentona. Sexagenária elas não ousam nem pensar. Lembra aquelas tias que elas achavam carcomidas pelo tempo e pela memória).
Eu dizia que elas se acham acabadas. Porque elas não se consideram achadas? A mulher de quarenta tem várias vantagens. A primeira é que já tiveram os filhos que tinham que ter e a gente não precisa se preocupar com a possibilidade de elas quererem mais um (aliás, conheço uma quarentinha – olha que simpático – que já é avó), justamente com a gente que não estamos mais a fim de trocar fralda, ir na reunião de pais e filhos e vigiar a maconha na adolescência. Esta parte elas já resolveram.
Outra vantagem é que elas sabem que Cinema Novo não é aquele cineminha que inauguraram outro dia no shopping. Cantam as músicas dos Beatles com a gente e também não sabem muito bem quem são Oásis. Lembram até da copa de 70, no México e algumas delas chegaram a ver o Pelé jogar. Sabem até a medida da Marta Rocha.
Sexualmente sabem tudo. E como. Tiveram mais homens que possa imaginar nossa filosofia. Aquele negócio de ter orgasmo assim ou assado (assado é péssimo) elas já resolveram há mais de uma década. E já viveram o suficiente para se darem ao luxo de filosofarem sobre a vida, sem aquelas bobagens que as meninas de vinte pensam e dizem e, ás vezes, até escrevem em diário.
Conseguem aprender a mexer no computador com muito mais eficiência que as mulheres de 60 (com todo o respeito, minha senhora). E não perdem parte do dia atrás da alma gêmea na internet, como fazem a turma de 20 e de mais de 50.
Neste momento, por exemplo, o computador acaba de me avisar que chegou uma mensagem nova. Fui olhar e era mais uma daquelas perguntando se eu quero aumentar o tamanho do meu pênis. Tem até a foto de um aparelho que “infla”. Você já pensou, na hora de fazer sexo, você abrir o guarda-roupa, tirar aquela geringonça (a máquina, não a sua) e dizer: um momentinho que você vai ver o que é bom pra tosse? Não, as mulheres de 40 há muito tempo deixaram de se preocupar com o tamanho da geringonça. Com elas é “menas” preliminar e mais ação. A mulher de 40 vai direto ao assunto. Elas já perceberam que podem comer e não apenas dar. As mulheres de 40 comem como gente grande, comem como homem. E a gente dá, com prazer.
A mulher de 40 já tomou aqueles porres memoráveis de quando tinha trintinha. Ela sabe beber. E ainda puxa um sem ficar rindo feito uma principiante de 20 e sem a culpa da turma de 50. Dois tapinhas e vai para o cinema. Relaxadona, dona.
Ah, a mulher de 40 no verão chega ao seu esplendor debaixo do sol. Sabe a medida certa da sua cor e do seu suor. Sai da água como se saísse de um aquário, como se desfilasse em cima da água. Não acampa mais, nem fica em pousada sem internet. A mulher de 40 sabe onde quer ficar. Gosta de um confortinho.
Ela se pinta pouco, ao contrário das de vinte e das de 50 e 60. No máximo um batom básico. Não se enchem de perfumes e pode pintar o cabelo até de vermelho que lhe cai bem. Não fica ridículo com as de 20 ou 50.
Enfim, a mulher de 40 sabe tudo e não está nem aí.
Por que então você sofre, mulher? O mundo não está perdido, está achado. Você é o melhor papo da praça. Você é o que há. "

MÁRIO PRATA - REVISTA ÉPOCA

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O BODE BITO - RIACHÃO DO DANTAS-SE

O bode Bito se transformou na principal atração do município de Riachão do Dantas. Ele ganhou uma festa especial. A Festa do Bode, que acontece anualmente no período junino. Mas o caprino fazia por merecer todos os destaques. Na missa ele ficava no altar, ao lado do padre, bem quieto. Nos funerais, Bito ia à frente do cortejo e não faltava a um. Até de desfile cívico o bode participava. Não perdia uma festa. Era muito querido pela comunidade.

O bode Bito, famoso por assistir a missas, acompanhar procissões, sentinelas e enterros, morreu e foi enterrado no anonimato, sem nenhuma “cerimônia”, em Riachão do Dantas. As peripécias do bode lhe rendeu fama local e nacional em matérias veiculadas na imprensa sergipana, na revista “Isto É”, em programas da Rede Globo, como o Fantástico e Jô Soares, no SBT, em Gugu e Ratinho, e na Record, no programa Tudo a Ver, sendo inclusive protagonista de um vídeo-documentário patrocinado pelo Ministério da Cultura.


sexta-feira, 10 de julho de 2009

DIETA DA BANANA

Essa dieta eu não conhecia, vou começar amanha...espero que dê resultado, porque no andar da carruagem, já já vou ter que fazer uma cirurgia de estomago...O problema maior é a cevada...essa tá dificil de deixar. kkk
beijaummm


DIETA DA BANANA
"Não, o nome Dieta da Banana Matutina (ou dieta da banana da manhã) não é nenhum eufemismo para sexo: é uma dieta real para seu corpo emagrecer rápido sem estresse comendo carboidratos, que deixou os japoneses e os nova-yorquinos malucos.
A Dieta da Banana Matutina (Morning Bana Diet) é possivelmente a dieta para emagrecer mais fácil de seguir.

DIETA PARA EMAGRECER
Pessoas que aderiram à dieta da banana matutina a adoram por causa de sua simplicidade e pelos relatos de sucesso ao emagrecer.
Essencialmente o regime especial pede para as pessoas começarem o dia comendo uma banana crua e bebendo um copo de água à temperatura ambiente. Depois disso as pessoas estão livres para comerem o que quiserem durante o dia, exceto doces. Sobremesas depois das refeições são proibidas e apenas um tira-gosto doce no meio da tarde é permitido. Consumo de álcool na dieta das frutas é desencorajado. Jantar antes das 20h e ir para a cama antes da meia noite são as únicas restrições da dieta.
Mas talvez um dos maiores apelos da dieta seja o fato da abordagem folgada com relação aos exercícios. Aconselha malhar apenas se as pessoas quiserem e se o fizerem devem cuidar que seja o menos estressante possível para o organismo.
Mas a loucura dos japoneses alcançou seu ápice quando uma rede de televisão do Japão exibiu um programa em que mostrou que o pesado cantor de ópera Kumiro Mori perdeu sete quilos alegadamente devido à dieta da banana. Desde então as bananas ficaram escassas nas prateleiras dos supermercados.
A Dieta da Banana Matutina foi desenvolvida por uma farmacêutica de Osaka que tem grande interesse pela medicina chinesa. Sumiko Watanabe desenvolveu o regime para emagrecer para seu marido que estava exasperado pela sua inabilidade de perder peso por métodos ortodoxos. O Sr. Watanabe está agora com saudáveis 59 kg, um peso que leva a um excelente IMC (Índice de Massa Corporal) para seus 1,75m de altura. Ele atribui o seu emagrecimento à dieta da banana e sua abordagem sem estresse.
Os nutricionistas estão divididos a respeito da eficácia da dieta, mas bananas são uma fonte rica de amido resistente, um tipo de fibra encontrada em comidas cheias de
carboidrato como batatas, milho, cevada e bananas, especialmente em frutas verdes. O amido resistente não é digerido pelo intestino delgado e ajuda a dar sensação de saciedade e aumenta a capacidade do organismo de queimar gordura. "
César Ribas (SCIENCE)



quinta-feira, 9 de julho de 2009

ZÉ PEIXE - UMA LENDA VIVA



Uma lenda viva
E, como toda lenda, tem suas particularidades. Desde que começou a trabalhar no porto de Aracaju, Zé Peixe nunca mais tomou um bom banho de chuveiro. Para quê, se está sempre na água? Também quase não bebe água doce. Gosta mesmo é de dar uns golinhos de água salgada nos trajetos que nada. “Faz um bem danado à saúde”, diz ele.
Conhece como ninguém os segredos da Boca da Barra, onde o rio Sergipe se abre para o mar e bancos de areia se formam de uma hora para outra, colocando em risco as embarcações. Sabe a profundidade das águas pela cor e as correntezas pela variação de temperatura e direção do vento.
Zé Peixe é o prático mais conhecido do planeta. Prático é o sujeito que ajuda os comandantes a conduzir os barcos na entrada e saída do porto, orientando-os a manobrar com segurança. Sua presença é obrigatória em qualquer cais do mundo no momento de atracagem e saída dos navios. O que faz de Zé Peixe uma espécie rara é a maneira como trabalha: ele vai buscar o navio a nado, enquanto seus colegas recorrem a um barco de apoio. E, quando tira o navio do porto, em vez de voltar de barco ele zapt!, salta no mar. Faz assim: enrola a camisa, coloca junto com os documentos e os trocados em um saco plástico e amarra fi rme no calção; mergulha e volta para casa com braçadas elegantes, ritmadas, sem movimentar as pernas para não atiçar os tubarões. “Se for uma distância mais ou menos, o importante é não se afobar. O jeito é não brigar com as ondas nem ir contra a correnteza”, ele fala, sempre gesticulando suas nadadeiras.
Quando Zé Peixe chega ao porto é uma alegria só. Ele curva seu corpo para cumprimentar funcionários, marujos e capitães, como se os estivesse reverenciando. “Não existe ninguém como ele”, diz um. “Uma fi gura lendária de Aracaju”, afi rma outro. “Peixinho é um ídolo”, conta outro homem do mar.
É certo que o porto de Aracaju não é lá muito movimentado. Mas, por causa de Zé Peixe, ganhou fama internacional, espalhada por navegantes de fora que lá atracaram. “Os gringos me chamam de Joe Fish”, diz. Certa vez, um capitão russo de um cargueiro chegou a pedir que o detivessem quando estava para se lançar ao mar – achou que ele estava se suicidando.
Zé é peixe miudinho. Tem apenas 1,60 metro de altura e 53 quilos. Mesmo franzino, já realizou muitas grandezas. A maior proeza foi quando socorreu o navio Mercury, que ardia em chamas em alto-mar, vindo das plataformas da Petrobrás e com funcionários a bordo. Zé pegou carona num rebocador, ligeiro chegou ao navio e conduziu a embarcação até um ponto onde todos pudessem saltar e nadar para terra fi rme. “Eu só fiz o que tinha de fazer, compreende?” Ele não gosta de falar muito de si mesmo. “Por causa de sua condição física exemplar, ele conseguiu salvar inúmeras vidas”, conta Brabo, o chefe dos práticos, que há 26 anos convive com Peixinho. Em 1941, ele e toda a população de Aracaju viram na praia os corpos de náufragos de três navios bombardeados por embarcações alemãs na Segunda Guerra Mundial. A partir daí, ninguém nunca mais se afogou perto dele.
Maré cheia
Desde menino novo, Zé dá suas pernadas no rio Sergipe. Os pais, dona Vectúria e seu Nicanor, que ensinaram. De sua casa, era só cruzar a rua de terra para dar no rio. Em tempo de maré cheia, a água vinha bater na porta. Moleque arretado, José Martins Ribeiro Nunes aprendeu a atravessar o rio para chupar caju na outra margem do rio. Aos 12 anos já nadava muito bem. Sua casa era vizinha à Capitania dos Portos e logo foi reparado pelos marinheiros. De observar a destreza do menino, um almirante o batizou novamente – virou Zé Peixe. Quando chegou o tempo certo, com 17 anos, formou-se prático. Dos cinco irmãos, Rita era a única que acompanhava as peripécias a nado. Naquela época, meninas não se banhavam no rio nem podiam sair andando com trajes de banho – só ela, no meio da molecada. Zé lhe ensinou tudo sobre o mar. “Ensinou também meus fi lhos e netos. Ele amarrava nos braços bóias de coco seco, que não afunda”, diz Rita, uma década mais nova, que de tanto nadar com o irmão levou o sobrenome Peixe.
Zé nunca saiu da casa onde nasceu, umas das mais antigas de Aracaju. Nem mesmo quando se casou, há mais de 40 anos (está viúvo há 20 e não teve filhos). Ajeitou uma casa para a mulher, mas não arredou o pé de lá – sempre estava cuidando de alguém da família, ora a mãe, ora um irmão enfermo. “Vou morrer aqui”, diz. “Mas só quando o capitão lá de cima desejar.”
Hoje uma avenida asfaltada o separa do rio. Quando não está no porto, Zé vai até lá para cuidar de seus três barquinhos de madeira ancorados. “Se não tiver um barquinho pra brincar fico doidim.” O casebre por fora é pintado de branco, mas dentro é todo azul. Está entulhado de cacarecos que juntou pela vida, entre eles títulos e medalhas. Não joga nada fora e não gosta que arrumem sua bagunça. Tudo remete ao mar: miniaturas de barcos espalhados pelos cômodos e desenhos de lápis de cor grudados nas paredes. E muitas imagens de santos católicos. Quem chega da família já vai pedindo a bênção. E tem também quem chega para pedir uns trocados. É que Zé costuma distribuir seu salário aos pedintes. Velhos pescadores que não podem mais trabalhar, desempregados e inválidos conhecem de perto sua bondade.
Espécie rara
Mesmo aposentado há mais de 20 anos, Zé Peixe continua trabalhando – por gosto. Acorda cedo, com o escuro. Não tem hora certa para trabalhar. Depende do fluxo de navios no porto. E das marés. Acostumou seu corpo a comer pouquinho, porque barriga cheia não se dá com o mar. Dá gastura. De manhã, basta um pão com café preto. E, depois, só fruta. Quando passa o dia inteiro no porto, faz jejum. O doutor já confi rmou: Zé tem coração de menino. Nunca fumou nem bebeu. Seu vício mesmo é o mar.
Se não está a pé, está com sua bicicleta. Sempre descalço. Só usa sapatos aos domingos, para entrar na missa, ou em ocasiões especiais. “Teve uma época que, para não fazer feio, o danado andava com um sapato. Um dia descobri que o sapato não tinha sola”, confessa o amigo Zé Galera. “Ele é o único que tem autorização para andar maltrapilho no terminal marítimo, sempre de bermuda acima da cintura e pés no chão. Por ser uma raridade, um cidadão totalmentefora do padrão, ele virou uma exceção às regras”, conclui Galera, que aprendeu a nadar com ele aos 6 anos e hoje é seu companheiro na praticagem.
“Ele é meu herói”, diz o deputado Fernando Gabeira. Quando estava exilado na Alemanha, o deputado viu uma reportagem sobre Zé Peixe. A história do bravo nadador chamou sua atenção. Quando retornou ao Brasil, foi conhecer de perto o tal sergipano. “É uma figura extraordinária. Tentei fazer um filme sobre a vida dele, mas ele não quis”, conta.
Zé viveu numa época em que não havia carro nem televisão. Viu o manguezal sendo aterrado e os navios minguando com o impulso rodoviário da década de 50. Enquanto Aracaju é tomada por edifícios e shopping centers que vão transformando os horizontes da cidade, Zé Peixe ainda ensina aos sobrinhos e aos filhos destes os mistérios do rio e do mar. Dizem que o mar não estará para peixe em algumas décadas. Enquanto isso não acontecer, Zé Peixe continuará nadando por lá. E como sempre, ao emergir do mar, fará um pequeno sinal na testa, agradecendo por mais um dia na água.

MÁRCIA BINDO
(Arquivo Nordeste Web)