OS MISTÉRIOS DA VIDA X OURO DE TOLO

Estava me lembrando essa semana de umas pessoas que conheci, e que venho tentando decifra-las no meu contexto de vida coletiva...Essas pessoas arremessam frases da boca, onde 85% tem que conter o poderoso vinil como palavra principal.

Acho que se por acaso não existisse o dinheiro, elas não teriam o que falar...

O engraçado é que não é um monólogo, existe um diálogo "fabuloso"...cada um dizendo o que irá fazer, o que irá comprar... e eu no meio sem conseguir dizer nada, e quando me arriscava a falar, era interrompida por um fato novo, como por exemplo uma viagem que estão programando para a América do Norte, ou a atual viagem que está programada para a América do Sul.

Lembro-me de duas passagens atuais que fiquei impressionada: Depois da saída de um aniversário eu peguei carona de volta com uma dessas pessoas e filha, e ao chegar no meu prédio a filha disse uma frase interrogativa, que caracterizava a diminuição de onde eu resido (respondi que era ali mesmo). E a outra passagem foi o fato de querer presentear essa mesma pessoa, e acabei comprando uma carteira de dinheiro, mas ao entregar perguntou logo se era de couro, porque se não fosse não queria (recolhi o presente apesar de saber que era de couro).

Eles se dizem felizes, mas observo que nunca estão em paz...um dia estão preocupados com o carro que irão adquirir depois da viagem para tal País...e a roupa engomadinha e exclusiva da melhor loja...e o relógio de coleções originais.
Ai eu pergunto:
E a paz??? E o amor??? E os mistérios da busca da felicidade???
Acho que não conhecem isso. Olho nos olhos deles só vejo cifrões emergentes...

Coincidentemente eu lendo a VAE, vejo o video de Raul seixas cantando "Ouro de Tolo", onde ele diz:

"... Eu devia estar sorrindo e orgulhoso por ter finalmente vencido na vida, mas eu acho isso uma grande piada e um tanto quanto perigosa... Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis, mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado... Porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto "e daí?..."

"...Eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar... Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais, no cume calmo do meu olho que vê assenta a sombra sonora de um disco voador...".

E ao final ela encerra com o texto, o qual assino embaixo:

"...Acho que ele quis dizer o mesmo que Campbell falou em seu livro "O Poder do Mito", ou seja: a felicidade não está nas coisas da vida e sim nos mistérios da vida. Há quanto tempo você não larga o controle de tudo e de todos e se deixa levar pelos mistérios? Aqueles momentos raros que a mente não entende lhufas, mas que arrepia a gente, que dá uma sensação de nossa-eu-fui-tocada(o)-por-algo-além da minha compreensão"

"São as coisas simples que nos elevam..."

BEIJAUUUUMMMM