terça-feira, 19 de abril de 2011

A CANOA DE TOLDA NO "VELHO CHICO"

Em homenagem a meu paizinho, posto este belo texto saudoso, que ele escreveu relembrando a sua velha infância.

"São 23 hs. do dia 10.02.2011, estou assistindo tv e ligado à internet. Em um dos canais vejo singrando as águas do rio São Francisco a canoa "Luzitânia", última das canoas de tolda do meu tempo de menino na minha querida São Brás (AL). Aliás, tomei conhecimento que a embarcação foi tombada pelo patrimônio histórico nacional. Vê-la subindo e descendo o rio remeteu-me à minha infância, quando ficava à beira do rio observando as canoas que vinham de Propriá, subindo o rio São Francisco. Naquela época o rio era caudaloso, majestoso, só comparado ao rio Nilo que banha o Egito. Era uma festa ver as canoas, velas enfunadas, de várias cores, com destino à minha terra e outras cidades ribeirinhas, como Pão de Açúcar, Piranhas, etc. Mas o tempo, senhor da razão, passa, e outros meios de transporte aparecem e no rio nascem as canoas a motor e as de tolda desaparecem. Vejo um canoeiro dizendo que não tem graça colocar um motor na sua "Luzitânia", pois ela sempre navegou ao sabor dos ventos. E o velho canoeiro conta histórias daquela época: se emociona ao ver o rio morrendo pouco a pouco, em nome do progresso; manobra sua canoa para não ficar encalhada nas coroas existentes no rio; reclama das hidroelétricas, causadoras da quase morte do "Velho Chico". E eu, personagem ocular da história, lembro de todos esses fatos. A minha cidade era rodeada de lagoas, que desapareceram após o advento das cachoeiras. Nós, meninos da época, construíamos uma jangada e nos largávamos na lagoa; de certa feita ,meu pai me exemplou porque pensava que eu estava no catecismo. Como diz o poeta, " ai que saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais"...As cidades ribeirinhas de meu tempo não serão as mesmas, o rio secou e só vemos areia..."
Luiz Santana

Beijaummmmm

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