Preferia que fosse uma mudança de cargo, mudança de namorado...etc,etc, mas é mudança de casa...
Vocês já mudaram de residência muitas vezes??? Eu já. E umas das coisas que mais detesto é o dia, e porque não dizer a semana pós mudança. Tudo bagunçado, não sei onde está nada. Máquina de lavar sem funcionar, tem que chamar encanador...lustres para colocar, tem que chamar eletricista...armários para montar, tem que chamar marceneiro...ufaaaa!!!
Mas passado isso, agora vou descansar lendo Mário Quintana e vou procurar refletir sobre outras mudanças.
Por falar em mudança de mudança, aproveito e vou postar um texto sobre o amor e mudança que adorei, do psicanalista Abraão Slavutzky. Inclusive ele cita Mário Quintana.
Beijaummmm
Amar é mudar a alma de casa
. O amor é misterioso, doloroso, um desafio cotidiano que oscila entre o sonho e o pesadelo. Tente dizer o que o amor e verá a dificuldade que é explicar este sentimento que move o sol e as outras estrelas, como escreveu Dante. Por isso, o poeta é indispensável, pois consegue expressar em palavras a poesia da vida. O nosso Mário Quintana, escreveu o poema de uma só linha chamado Carreto: “Amar é mudar a alma de casa”. . . . Amar é mudar porque quem ama muda, ninguém é o mesmo de antes e depois de estar amando, já que o amor produz emoções, alegrias e tristezas. Quem ama e diz não ter mudado incorre em um erro: ou não está amando ou não se dá conta do quanto mudou. Muda porque parte de si, de sua alma, de sua libido, é transferida para alguém, alguma coisa, uma idéia: o amor, portanto, é a história de uma transferência e de todos os tratamentos psicológicos dependem, para seu êxito, deste enlace afetivo. Não é por acaso que o mais importante artigo clínico de Freud tem como titulo: “O amor de transferência”. . . . As brigas amorosas são famosas e ocorrem geralmente devido a uma luta pelo poder, em que cada um tenta impor sua razão, e quando só um quer mandar o amor se perverte. Às vezes, o tempo auxilia na evolução do par, diminuindo o desejo de imposição de poder. Quando uma relação termina, ocorre a dor da separação, às vezes traumática. E ficam os mistérios das escolhas amorosas, marcadas pela idealização necessária e arriscada. Um dos desafios a ser enfrentado é o de equilibrar a auto-estima, que é o amor por si mesmo, com aquele que é transferido. Entretanto, não há dúvidas de que o amor seguirá sendo indispensável a homens e mulheres no mundo todo. O amor é forte como a morte, diz o Cântico dos Cânticos (8:6), o primeiro diálogo erótico da literatura mundial.. . . O amor reúne o melhor e o pior de cada um, por isso há nele sabedoria e loucura ao mesmo tempo. O amor, em sua cegueira, às vezes tem uma capacidade destrutiva que assusta. Recordo uma velha metáfora sobre as relações amorosas: num dia de muito frio, os porcos-espinhos aproximaram-se uns dos outros para aliviar o frio, mas logo se afastaram porque começaram a se espetar. Tiveram que fazer esse movimento várias vezes até encontrarem um certo equilíbrio entre não sentir muito frio nem se espetar demais. Todas as relações afetivas importantes oscilam entre a dor e o calor. Por isso aprender a arte de amar é aprender a viver bem. . . . Nos amores, há um equilíbrio entre a desgraça e a graça, o choro e o riso, e a passagem de um estado ao outro é rápido. Portanto, se amar é mudar a alma de casa, é preciso descobrir como e com quem fazer seus carretos. O homem vive a totalidade antes de nascer e este paraíso perdido pode ser recuperado nos momentos idílicos. E ao entardecer da vida é no amor que seremos julgados, como tantos já escreveram. Os que são capazes da utopia amorosa melhoram o frágil coração da humanidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário